Tekken 8 acaba de ser lançado após sete anos desde a chegada do último episódio da franquia aos consoles, em junho de 2017. Considerada um clássico dos jogos de luta, a franquia da Bandai Namco ressurge em um pacote digno da espera. Elenco vasto e redesenhado, conteúdo offline variado e online funcional garantem lutas de qualidade para diversos públicos, casuais ou competitivos.
O game já está disponível para download no PS5 , Xbox Series X, Xbox Series X e Steam a partir de R$ 269,90 no PC e R$ 349,90 nos consoles. São três versões disponíveis para compra: Padrão, Deluxe e Ultimate. A Deluxe dá acesso a uma skin para cada lutador e ao Passe de Personagem — que inclui o brasileiro capoeirista Eddy Gordo e mais três lutadores a serem revelados oficialmente. Já a Ultimate abarca o mesmo conteúdo somado a skins e peças de roupas para avatares. Vale destacar que quem adquirir uma dessas duas versões poderá usar os personagens DLC com três dias de antecedência.
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Combate para todos
Quem acompanha a série Tekken sabe que a gameplay é mantida intacta ao longo dos variados títulos, de certa forma. Isso confere ao jogo um aspecto de legado de habilidade: os jogadores veteranos de Tekken 3 mandariam bem no 4, no 5 e nos demais episódios, saindo na frente, em especial, nos modos competitivos. Isso não é abandonado no Tekken 8, mas, desta vez, a Bandai Namco adiciona mecânicas e modos de controle variados, além de, mais do que nunca, oferecer conteúdo vasto para outros públicos. Jogadores que não ligam tanto para partidas ranqueadas e querem se divertir sozinhos sem o medo de serem atropelados online terão muito a aproveitar.
Para essa abordagem mais amigável aos casuais, Tekken 8 aposta em várias frentes. Uma delas é a Missão Arcade, em que o jogador constrói um avatar no estilo Chibi e aprende sobre os fundamentos do game enquanto avança por variados fliperamas. É um modo divertido, que ensina os movimentos de maneira cadenciada e sempre pede que o jogador pratique o que acabou de absorver. Indico bastante esse modo para quem joga seu primeiro Tekken.
Mais conteúdos offline englobam a Batalha Arcade, em que você enfrenta oito lutadores com dificuldade pré-selecionada; e Versus local, contra CPU ou humano. Outro modo que não aparecia desde o Tekken 3 é o Tekken Ball, uma mistura de vôlei com queimada. Nele, você não causa dano ao adversário ao acertá-lo com socos e chutes; apenas o atingindo com uma bola ou fazendo com que ela caia no solo adversário.
Lembra do avatar chibi personalizado na Missão Arcade? Ele também te representa no Saguão de Luta online, apresentado como um grande parque colorido, com diversos espaços de interação. É possível usar poses customizadas no avatar para descontrair na praça, bem como adicionar alguém como amigo ou rival e conversar por chat de texto. Se bem que, pela minha experiência até agora no online, os jogadores passam a maioria do tempo tirando contras nos fliperamas da Área de Batalha.
Por dentro das mecânicas
Um jogo de luta deve se destacar, acima de tudo, pelas suas mecânicas de combate bem implementadas para que o público se sinta compelido a jogar incontáveis partidas seguidas. Sem esse alto valor de replay, estará fadado ao fracasso. Felizmente, Tekken 8 entrega isso e mais, misturando mecânicas consagradas com adições muito bem-vindas, que tornam esse capítulo da série o mais vigorante e cinemático de todos.
Para os novatos nessa franquia de luta 3D, é importante destacar que existem quatro botões básicos de ataque, cada um representando um membro do lutador. Temos, então, botões dedicados para braço esquerdo, braço direito, perna esquerda e perna direita (chamados, respectivamente, de 1, 2, 3 e 4 pela comunidade competitiva). Além de, claro, combinações entre os ataques e os direcionais. Isso torna o controle do lutador muito mais transparente e intuitivo que outros games de luta.
Se você apertar 1 e 2, por exemplo, seu lutador desfere uma sequência de soco esquerdo e soco direito. Com 3 e 4 juntos, o personagem performa algum golpe usando as duas pernas, caso exista. Segurar o controle para trás e apertar o 4 corresponde a um chute recuando-se com a perna direita; enquanto baixo mais 1 comanda seu personagem para um soco esquerdo agachado; e assim por diante. Em Tekken, mesmo sem se aprofundar nos comandos específicos de cada personagem, qualquer pessoa pode se aventurar nessas combinações e acertar golpes bonitos e devastadores.
Para ajudar ainda mais os jogadores a executar combos e encaixar supers, a Bandai Namco introduziu o Estilo Especial de combate, uma forma simplificada de controle. Essa é uma tendência vista em jogos de luta atuais, como o Controle Moderno de Street Fighter 6. Com ele, temos um botão dedicado a golpes especiais; outro que basta repetir para executar combos aéreos; e outro para golpes nas pernas. Tudo mais prático, sem preocupações com que braço ou perna estamos controlando.
A principal adição em termos de mecânica geral foi o sistema Heat, representado por uma barra azul abaixo da de vida. Ela começa cheia em cada round, e basta apertar um botão para desferir um ataque que a aciona. Enquanto no modo Heat, seu lutador causará mais dano e terá ataques exclusivos a essa condição, incluindo uma corrida que permite estender combos. Aperte o botão de Heat novamente para atacar com uma sequência poderosa, mas que irá drenar toda sua barra no processo.
Além disso, temos o retorno dos Rage Arts introduzidos no Tekken 7. Basicamente, são supers a que você tem acesso somente quando possui pouco HP. Trata-se de uma excelente mecânica de comeback devido ao seu dano explosivo e à capacidade de absorver ataques do oponente. Portanto, fique atento quando seu adversário estiver envolto em uma aura vermelha; significa que ele consegue usar esse poder.
Quanto às animações dos Rage Arts, são um excelente upgrade em relação ao título anterior, com pancadas alucinantes e ótimos ângulos de câmera. O meu Rage Art favorito é o do urso Kuma, em que um peixe é usado como taco de beisebol e depois se torna um míssil perseguidor. Isso mesmo. É espalhafatoso, bizarro e sempre me arranca gargalhadas.
Para acompanhar os confrontos, a mixagem de áudio realiza um trabalho valoroso. O som dos golpes é marcante e imprime o impacto necessário, sem falar nos efeitos bem encaixados durante Rage Arts e barulhos que envolvem o ambiente. Os passos na água, o chão de madeira destruído, os gritos de transeuntes assustados; nada é ignorado, e, sim, incorporado à atmosfera vigorante do game. A trilha sonora também cumpre bem o papel de manter o hype sempre elevado. Depois de uma sessão de jogo, ainda fico com o “oh oh oh oh” da tela de seleção de personagens na cabeça por um tempo.
Treino que recompensa
Os jogadores hardcore que desejam aprimorar suas habilidades contam com um modo treino robusto, com dezenas de opções customizáveis, como exibição de dano, altura de ataque, fixar combos na tela, gravação de status e exibição de framedata (ao contrário do Tekken 7, em que esse recurso era pago). O que mais me chamou atenção, no entanto, foram o treinamento de punições e os desafios de combo.
Com o primeiro, a CPU desfere sequências variadas e te mostra com que golpes punir cada uma delas. Já com os desafios de combo — algo refrescante para a franquia e que já é comum em outros games de luta —, o jogador deve completar uma dezena de sequências específicas. As primeiras são fáceis e costumam envolver ativação de Heat; mas as últimas constituem várias sequências encadeadas e exigem proficiência.
Os treinos avançados podem seguir para o modo online nas partidas de ranking, em que você testará suas habilidades contra jogadores de nível parecido. É excelente saber que a Bandai Namco já inseriu crossplay entre todas as plataformas desde o lançamento do jogo, diferente da NetherRealm Studios, que não fez o mesmo com Mortal Kombat 1. Além disso, o netcode com rollback oferece uma experiência de luta sólida e bem próxima ao offline. Fora alguns poucos desyncs, não tenho do que reclamar da qualidade das lutas online. As informações da conexão em tempo real — com ping exato, se o oponente está no Wi-Fi, além de quadros de atraso e de rollback — também são um toque de qualidade apreciado.
Um dos recursos que prometem ser mais utilizados pelos competidores é o de replays, e não apenas para reassistir a lutas passivamente. Tekken 8 traz a possibilidade de o jogador pausar qualquer momento da partida passada e assumir o controle de um dos personagens. Isso permite praticar qual golpe você poderia ter usado para punições e se era melhor ter defendido ou se esquivado de certas ofensivas.
História à la anime
O modo história principal se chama “O Despertar das Trevas” e é composto por 15 capítulos. Apesar de não revolucionar a estrutura de como as narrativas dos jogos de luta são apresentadas, eu me diverti bastante com o desenvolvimento de mais um capítulo na rivalidade entre Jin Kazama e seu pai, Kazuya Mishima. As lutas são bizarramente exageradas, com explosões descomunais, golpes explosivos e falas caricatas dignas de animes como Dragon Ball. Ao menos na versão de PC, observei quedas perceptivas de FPS em um ou dois cenários, além de alguns engasgos nas transições de animação para gameplay. Nada crítico, entretanto.
Porém, sejamos honestos. Apesar de divertido, o modo contém muito mais cutscenes (belíssimas, diga-se de passagem) do que gameplay. Isso me fez, inclusive, soltar o controle em vários momentos, sendo pego de surpresa por algum quick time event (QTE) repentino. Sem entrar em detalhes para evitar spoilers, digo que é um modo com mais acertos do que erros. Eu só gostaria que personagens fora do arco principal Kazama/Mishima fossem desenvolvidos melhor, inclusive com mais momentos jogáveis.
Quem quiser saber um mais sobre a história individual de cada lutador precisa ir até o História Arcade. Nesse modo, podemos escolher cada um dos 32 personagens para progredir em sequência de cinco lutas contra a CPU. Primeiro, assistimos a um prólogo narrado sobre a motivação para cada um entrar no torneio King of Iron Fist e, ao final, vemos animações individuais, que entregam mais sobre os acontecimentos futuros ou desdobramentos possíveis do enredo.
Durante o modo história, salta aos olhos o primoroso visual do game. Tekken 8 é, sem sombra de dúvidas, o jogo de luta mais deslumbrante disponível no mercado, um verdadeiro produto de nova geração. É impossível deixar de perceber o capricho nas texturas de pele, nas expressões dos lutadores, nas vestes ricas em detalhes e nos cenários interativos, que pulsam vida a todo momento. Tudo isso resulta em um design mais realista do que nunca, aspecto em que a série Tekken sempre foi primorosa ao longo das gerações de videogames.
Elenco e redesign
Um dos principais acertos de Tekken 8 é a quantidade e a diversidade de personagens disponíveis desde o lançamento do game. São 32 representantes de variados estilos de luta e locais do mundo. É um número menor que os 36 da estreia de Tekken 7, mas, ainda assim, um dos maiores elencos em jogos de luta atuais. Para comparação, Street Fighter 6 foi lançado com 18 personagens jogáveis, e Mortal Kombat 1, com 22 — excluindo os kameos (personagens assistentes).
Veteranos da franquia marcam presença, como o mexicano e praticante de luta livre King, famoso pela máscara de jaguar; a irlandesa e assassina de aluguel Nina Williams, agora de cabelo curto e com menos tempo a perder do que nunca; o sul-coreano Hwoarang e seu Taekwondo característico e irritante para quem o enfrenta; a chinesa de aparência jovial e frágil Xiaoyu e sua amiga inseparável Panda; dentre muitos outros personagens carismáticos, cada um a seu modo. Como bom brasileiro, senti falta do nosso representante mais conhecido de Tekken, o capoeirista Eddy, que acabou ficando como DLC.
Existem apenas três novos integrantes à franquia: a peruana Azucena, lutadora de MMA que não perde oportunidade para falar da sua paixão sobre cafés; o francês Victor Chevalier, que incorpora facas, espada e pistolas em um estilo de luta frenético e preciso; e a misteriosa Reina; uma jovem japonesa que desperta curiosidade por usar o estilo Mishima e possuir alguma conexão com Heihachi, tido como morto após os eventos de Tekken 7. A volta da personagem Jun Kazama, mãe de Jin e que não era jogável desde o Tekken 2, é outro destaque.
Sem sombra de dúvidas, um dos aspectos que mais chamam atenção no elenco é o redesign de lutadores clássicos. Alguns visuais, como o do motociclista americano Paul Phoenix, dividiram a comunidade pela mudança, digamos assim, acentuada. De qualquer maneira, quem não curtiu a nova aparência pode optar por visuais alternativos (particularmente, prefiro desferir os socos explosivos de Paul com o quimono vermelho clássico e o cabelão vertical) ou até criar o seu próprio visual com as diversas opções de customização.
Customização completa
Em tempos nos quais games vendidos a preço cheio incluem apenas uma ou duas skins gratuitas e/ou cobram valores salgados por roupas extras, dá um alívio conferir a vasta customização presente em Tekken 8. Cada personagem já inclui quatro skins pré-definidas, que podem ser acessadas com um botão na seleção de lutadores. Alguns visuais, inclusive, agradam os saudosistas de outras edições da franquia. No entanto, as opções de personalização vão muito, muito além.
É possível modificar praticamente tudo na aparência de um lutador, desde a cor dos olhos, passando por bronzeamento da pele até a inclusão de acessórios extravagantes. Jin com corte militar, camisa florida e asa de borboleta? Permitido. Bryan Fury de calção de banho? Temos. Kazuya de bigodinho e tênis esportivo? Claro! Em partidas online, enfrentei um Lars que estava idêntico ao Leon do game Resident Evil 4, com espingarda no ombro e tudo.
Certamente, essas versões personalizadas acrescentam um toque divertido e até mesmo bobo, que, a meu ver, caminha muito bem ao lado do tom mais sério do game. Só que as modificações podem transformar tanto a aparência de um lutador que se torna impossível reconhecer quem você enfrenta. Espero que, em futuras atualizações, a Bandai Namco permita que o usuário escolha ver ou não a customização do adversário.
Não podemos esquecer do modo jukebox. Apesar de eu estar curtindo demais a trilha original do Tekken 8, é bem-vinda a opção de selecionar músicas de títulos passados. Você pode variar músicas do Tekken 1 ao 8, selecionando faixas específicas para menu, modo treino, lobbies, criação de avatar e mais. E tudo isso — não canso de repetir — sem precisar pagar nada a mais além do jogo base.
A customização é fraca, entretanto, quando se trata de acessibilidade. Nesse aspecto, desconsiderando legendas e o Estilo Especial de luta, Tekken 8 oferece filtros de cores para pessoas com daltonismo e de máscara para quem tem baixa visão. Um desses recursos, aliás, causou polêmica antes do lançamento do game por potenciais riscos à saúde. É fato que outros jogos de luta modernos estão mais avançados nesse segmento, com leitores de tela, áudios descritivos e sons que indicam o lado em que seu personagem está e a distância em relação ao oponente, para ficar em apenas alguns itens. Espero que, em atualizações, a Bandai Namco insira outras opções de acessibilidade para que mais pessoas curtam o universo formidável das lutas de Tekken 8.
Tekken 8 vale a pena?
A recente adição à franquia Tekken acerta em, praticamente, todos os pontos que um bom jogo deve acertar: possui alguns dos visuais mais bonitos da nova geração de consoles; gameplay encorpada; vasto conteúdo offline; netcode de qualidade e incontáveis possibilidades de customização. Dessa forma, Tekken 8 não é apenas um formidável game para quem curte o gênero luta; mas, sim, um excelente título para qualquer pessoa acrescentar à biblioteca.
Um retorno glorioso
Assim que terminar uma partida, você já estará pronto para a batalha seguinteCom informações de Bandai Namco, Dexerto (1 e 2), PlayStation, Xbox e Steam.
🎥 É quase certo que você já se estressou muito com estes chefes. Assista!
Chefões que todo gamer passou muita raiva para matar!