A demo de Stellar Blade, novo jogo exclusivo do estúdio sul-coreano Shift Up, chega ao PlayStation 5 (PS5) na sexta-feira (29) às 11h (horário de Brasília). No game, a Terra foi completamente dominada por criaturas poderosas e o que sobrou da humanidade fugiu para colônias espaciais. Nesse contexto, o jogador assume o controle de Eve, membro do Esquadrão Aéreo 7 e enviada para reconquistar o planeta. O jogo completo, que é o primeiro para consoles da Shift Up, chega ao videogame da Sony no dia 26 de abril de 2024 com preço de R$ 349,90.
A demonstração ficou marcada por um fato curioso e polêmico: ela foi liberada antes da hora por engano e depois teve que ser bloqueada inclusive para quem a baixou. Contudo, o TechTudo jogou a demo de forma antecipada e vai contar as impressões sobre os primeiros momentos de gameplay. Veja, a seguir.
👉 Meu PS5 não conecta à rede Wi-Fi; como resolver? Tire dúvidas no Fórum do TechTudo
A história de Stellar Blade Demo
Na trama de Stellar Blade, a humanidade foi devastada e a Terra, tomada por criaturas poderosas e muito violentas. Os poucos sobreviventes tiveram que abandonar o planeta e fugir para colônias espaciais. No game, o jogador assume o papel de Eve, uma militar que é enviada de volta ao planeta com a missão de reconquistar o que foi perdido. Entretanto, conforme Eve vai descobrindo mais sobre o colapso da Terra, ela entende que sua missão vai ser bem mais difícil do que parece.
A demo, que tem entre quarenta minutos e uma hora (dependendo da progressão de cada jogador, obviamente), conta o primeiro capítulo dessa história. Ela mostra a chegada de Eve no planeta depois de sua nave ser atingida e os primeiros embates com as estranhas criaturas. Nesse início, a personagem tem o apoio da militar Tachy e do misterioso Adam na missão, mas Eve claramente ainda precisa desenvolver as habilidades caso queira reconquistar o planeta.
Gameplay de Stellar Blade Demo
Stellar Blade, que era conhecido pelo codinome Project Eve antes de ganhar um nome oficial, é um game de ação que que mistura hack'n slash com alguns elementos de RPG. Por isso, o jogo utiliza conceitos como a progressão de personagem por pontos de habilidades, árvores de skills separadas por competências específicas, compra de ataques especiais, dentre outros conceitos que são bastante explorados em action-RPGs modernos.
Também é possível alterar os equipamentos utilizados por Eve, selecionando armaduras, exoesqueletos e upgrades para armas. Ademais, o game também importa algumas ideias de soulslike, como os pontos de salvamento – e quem morre entre um e outro, na maioria das vezes, tem que voltar até a última vez que salvou.
Entretanto, o que mais se sobressai é o combate intenso, violento e ágil. Além dos tradicionais ataques rápidos e pesados, Eve também pode deferir ataques especiais que recarregam lentamente após serem utilizados. Aliás, a personagem tem acesso a uma série de combos que o jogador vai desbloqueando conforme evolui – e eles tornam a gameplay realmente viciante. Tudo é rápido, frenético e fortemente baseado em timing. Aprender o parry, por exemplo, faz toda a diferença. Por isso, ao menos no início, o jogo pode ser desafiador – sem frustrar o player, no entanto.
No meio de tanto combate, também há espaço para momentos de plataforma. É bem verdade que eles são raros e nem de longe são complexos como os vistos em sagas especializadas nisso, como Uncharted. No entanto, são uma boa forma de fazer o jogador respirar em meio ao ritmo frenético e, também, fazer com que ele contemple a ambientação do jogo, que é bem eficiente para corroborar a história.
Gráficos e desempenho de Stellar Blade Demo
Mesmo na demo, o desempenho de Stellar Blade é bem satisfatório. Em nossa jogatina, o game manteve a taxa de 60 fps estável, o que é excelente para um jogo que propõe combates dinâmicos e fluidos. Notei alguns bugs relacionados aos delays de textura em alguns cenários. Vale lembrar, contudo, que ainda é uma demo e há tempo para que a Shift Up resolva esse problema até o lançamento. De qualquer forma, não atrapalha de jeito algum e o polimento, no geral, já está bem feito.
Os gráficos, apesar de mais modestos, são bonitos também. Na minha avaliação, tive a impressão de que são melhor aplicados nos ambientes do que nos personagens em si. Mesmo sem recursos de ponta como o Ray Tracing, a iluminação é boa, a paleta de cores é bem acertada e as as texturas detalhadas e bem-feitas. A trilha sonora, presente o tempo todo e épica ao estilo Final Fantasy XVI, também merece reconhecimento. O que destoa são as expressões faciais robóticas, principalmente as de Eve. A personagem, por sinal, já não é um poço de carisma – e sem expressão, a situação beira a comédia.
Outro ponto interessante de comentar são as animações, que estão muito bem feitas e variadas. Como Eve tem muitos combos com diversas finalizações, é interessante ver a ampla gama de movimentos – todos eles bem feitos. A física do cabelo dela também é bem bonita e realista. Entretanto, é preciso dizer: na minha leitura, o maior problema de Stellar Blade está diretamente relacionado aos gráficos.
O real problema de Stellar Blade
Stellar Blade é um jogo gostoso, com uma gameplay dinâmica e que eu, que escrevo essa análise, certamente gostaria de revisitar depois de passar algumas horas com a demo. Entretanto, há um aspecto no game que me incomodou profundamente e que, por si só, faz com que a minha vontade de continuar na aventura de Eve fique comprometida: a representação dos corpos das personagens.
Historicamente falando, os jogos eletrônicos foram concebidos como uma mídia feita por homens e para homens. Esse meio "herdou" características de áreas como a tecnologia e a computação que, no momento de boom, eram meios intrinsecamente masculinos. O resultado foi que, quando surgiu Lara Croft, em 1996, uma nova era da representação das mulheres veio com ela: a de sexualização extrema desses corpos – afinal, assim, tanto o público masculino quanto o feminino da época engajavam a personagem. Dado o histórico, até hoje, a mídia é um dos meios de entretenimento mais tóxicos para mulheres e um dos que pior representa suas personagens.
Contudo, diversos estúdios vêm, em um recorte de talvez 10 anos, tentando mudar a forma com que as personagens femininas vêm aparecendo. Não à toa, hoje em dia, os jogos com protagonistas mulheres são mais numerosos e há diversos títulos em que elas não são sexualizadas. The Last of Us, Horizon Zero Dawn, Assasin's Creed, Hellblade: Senua's Sacrifice, Forspoken, Life is Strange são apenas alguns dos games que me vêm à cabeça quando o assunto são personagens mulheres bem-representadas.
Por esse motivo, eu não tenho como excluir os corpos de Eve e Tracy dessa análise. Afinal, há física aplicada aos seios de ambas as personagens para que balancem em cada cutscene. Também não tenho como ignorar as poses sugestivas, closes em partes íntimas, trajes de borracha e nem a falta de desenvolvimento – Eve, que é a protagonista, mal tem falas. Apesar de divertido e fluido, Stellar Blade, para mim, soou como um triste lembrete de que, em pleno 2024, a mídia videogame ainda tem que melhorar – e muito – para se tornar algo realmente feito para todos os gamers.
Com informações de Arts and Culture, Obra Digital, Polygon, Wired, Hélice, SBCGames, Sistemas e Mídias Digitais e EneCult
5 jogos essenciais para PlayStation que todo jogador deveria conhecer