Os NFTs estão ganhando cada vez mais espaço na Internet. Embora ainda sejam muito usados em artes digitais, os tokens não-fungíveis não se limitam a imagens e podem ter outras funções surpreendentes. Eles já foram utilizados, por exemplo, como ingressos em shows, passes para restaurantes exclusivos e até para a venda de selfies. Em outro caso, a tecnologia de blockchain simbolizou os laços afetivos de um casal que trocou alianças digitais no altar. A seguir, veja seis vezes em que o NFT foi usado de forma pouco convencional e descubra novas possibilidades para o certificado de autenticidade virtual.
Conheça oito NFTs famosos no mundo das artes digitais
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1. Coleção de selfies
O indonésio Sultan Gustaf Al Ghozali, de 22 anos, ganhou quase US$ 1 milhão (cerca de R$ 5,6 milhões, em conversão direta) vendendo suas selfies como NFT. Intitulada "Ghozali Everyday", a coleção reúne 933 imagens, que foram capturadas no seu quarto entre 2017 e 2021, tempo de graduação do jovem em ciência da computação. A ideia original era apenas montar um timelapse para exibir na sua formatura. Mas, em janeiro, Ghozali acabou colocando as quase mil fotos à venda na OpenSea, maior plataforma de venda de NFTs do mundo.
O preço inicial de cada imagem foi de 0,001 ETH (Ethereum), que na época estava custando cerca de US$ 3 (aproximadamente R$ 17, na cotação de janeiro). A comunidade de criptomoedas abraçou a iniciativa quase que imediatamente, fazendo com que cada selfie chegasse ao valor mínimo de 0,42 ETH — nada menos que US$ 1.295, ou R$ 7.346. Atualmente, a página de Ghozali no OpenSea registra volume total de vendas de 403, com preço médio de 0,1902 ETH por item (equivalente a R$ 1.682, pela cotação atual), distribuídos por 508 compradores.
2. Graveto para cachorro
A foto de um graveto em NFT está à venda no OpenSea pelo lance mínimo de US$ 1.200 (aproximadamente R$ 6.230). Com o nome "Twig, 2021", a arte é vendida junto ao graveto real, que acompanha um suporte de alumínio feito à mão para o item ser posto para apresentação. Quem anuncia é a Between Two Naps, empresa que cria produtos experimentais para cães.
A peça, que reivindica ser "o primeiro NFT para cachorro do mundo", faz uma brincadeira com a sigla NFT, descrevendo-a como "non-fungible twig" (graveto não-fungível, em tradução livre). Ela também é –provavelmente – a única que conta com a curadoria de um cão, Remy, que pegou o objeto nas calçadas de West Village, bairro de Nova Iorque. Apesar da febre de NFTs, o pequeno galho de 14,5 cm — em suas versões física e digital — não parece ter emplacado. Desde de que foi anunciado, em abril de 2021, a obra de arte "de cão para cão" não teve nenhum lance no OpenSea.
3. Aliança de casamento
Um casal americano trocou alianças de NFT em seu casamento. Durante uma cerimônia judaica tradicional, Rebecca e Peter pegaram seus smartphones e enviaram um para o outro a arte digital Tabaat, palavra hebraica para anel, conforme explicou a noiva no Twitter. "A maioria das pessoas se casa em um local de culto religioso, na praia ou nas montanhas. Peter (@_iphelix) e eu NÃO somos a maioria das pessoas. Nos casamos no #blockchain", diz o primeiro de uma sequência de sete posts, nos quais Rebecca explica o aspecto digital de seu casamento.
Os dois são funcionários da Coinbase, famosa empresa de carteira de criptomoedas, e decidiram "solidificar seus votos de uma forma mais pessoal", nas palavras da noiva. Para isso, fizeram um contrato na Ethereum que gerou dois NFTs. Dentro dos tokens únicos, eles armazenaram uma animação do artista Carl Johan Hasselrot ilustrando duas coisas distintas se tornando uma, tal como em um casamento.
De acordo com Rebecca, as imagens das alianças digitais aparecem nas carteiras de criptomoeda de ambos, lembrando-os constantemente do vínculo eterno que elas representam. "O #blockchain, ao contrário dos objetos físicos, é para sempre. É imparável, impossível de censurar e não requer permissão de ninguém. Assim como o amor deve ser", concluiu.
4. Livros e outras publicações
Outra funcionalidade surpreendente para os NFTs é a venda de livros. Em vez de simplesmente disponibilizar o arquivo para download e cobrar por isso, muito autores e editoras estão transformando a publicação em um ativo digital, fazendo com que a edição seja exclusiva e tenha valor de item de colecionador.
Uma das precursoras desse movimento foi a escritora japonesa Miyuki Ono, que, em novembro do ano passado, colocou sua obra "Pure" à venda no OpenSea. A arte digital foi vendida por 0,5 ETH (aproximadamente R$ 4 mil, pela cotação atual da criptomoeda). Outro escritor que embarcou nessa tendência foi o brasileiro Rafael Boskovic, autor do livro Satoshi, uma ficção sobre o criador do Bitcoin. Em dezembro, Boskovic disponibilizou 21 tokens no OpenSea, cada um com preço de 0,021 ETH, equivalente a R$ 480, aproximadamente, na ocasião.
5. Restaurante
Os NFTs estão sendo usados até mesmo para comer. Essa é a aposta do Flyfish Club, um clube de restaurante privado exclusivo para membros que fazem uma assinatura via blockchain. Localizado em nova Iorque, o restaurante conta com dois planos: o Flyfish e o Flyfish Omakase, ainda mais exclusivo, que dará acesso a uma sala VIP de sushi com peixes vindos diariamente do Japão.
Os preços para ingressar no "primeiro restaurante NFT do mundo", que só será aberto em 2023, são tão exorbitantes quanto se pode imaginar. A assinatura "básica" foi vendida originalmente por 2,5 ETH, equivalente a R$ 20,5 mil. Já o restrito Omakase saiu por 4,25 ETH, aproximadamente R$ 35 mil.
Apesar do custo elevado, todos os tokens disponibilizados diretamente pelo Flyfish Club já foram vendidos. Isso significa que, agora, é necessário comprar os NFTS por meio de empresas terceiras, como a OpenSea. Por lá, o item mais barato está custando 2,7 ETH (R$ 22.130), enquanto o mais caro tem preço de 20 ETH (R$ 164 mil). O ingresso, porém, não dará direito à comida. Esses valores são apenas para ter o direito de entrar no restaurante de luxo, de quase 3 mil m². Uma vez lá dentro, os clientes terão que pagar por suas refeições e bebidas normalmente — em dólar.
6. Pingente da Tiffany
A Tiffany, famosa marca de jóias de luxo, recentemente lançou uma coleção de pingentes para donos de CryptoPunks, uma das mais famosas – e caras – CryptoArt da atualidade. Nomeado de NFTiff, o conjunto reúne 250 pingentes, vendidos a 30 ETH cada (pouco mais de R$ 269 mil, pela cotação da criptomoeda atual). O acervo esgotou dois dias após o lançamento.
As peças serão fabricadas de forma personalizada, variando conforme o comprador. A joalheria vai interpretar as características do CryptoPunks e criar pingentes com pedras preciosas que mais se aproximem da pixel art. Segundo a Tiffany, cada peça terá cerca de 3 cm e pelo menos 30 pedras, como diamantes, safira, ametista e espinélio. Os compradores não poderão interferir no processo de design do pingente nem do arquivo de renderização, que será transformado em NFT e entregue até outubro.
Com informações de O Globo, CryptoPotato, Daily Mail, OpenSea (1, 2, 3, 4), NDTV, Flyfish Club, Yahoo, Bloomberg Línea, Livecoins, Twitter,
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